📸: Arquivo pessoal

Aos 44 anos, a enfermeira offshore Gisele Chelli vive uma rotina incomum: metade do tempo a bordo de uma plataforma de petróleo em Angola, onde é a única mulher entre centenas de homens, e a outra metade explorando diferentes culturas pelo mundo. Natural de Fraiburgo (SC) e moradora do Rio de Janeiro, ela construiu uma caminhada de mais de 20 anos na enfermagem, e concilia disciplina e ousadia.

“Eu me defino como uma buscadora de liberdade”, resume. “Quero quebrar tabus e mostrar que a mulher pode estar no lugar que ela quiser – seja numa plataforma de petróleo, viajando sozinha pelo mundo ou desafiando padrões.”

A vida entre dois mundos

A bordo, Gisele cumpre jornadas de 12 horas diárias, participa de reuniões de segurança, fiscaliza estoques e garante o bem-estar de toda a tripulação. No mar, aprendeu a importância da disciplina, do autocuidado e da comunicação direta. Já em terra, transforma os 28 dias de folga em oportunidade para conhecer destinos. Foram quase 50 países até agora, da espiritualidade da Tailândia ao impacto cultural da África, passando por trilhas, desertos e cidades históricas.

Viajar sozinha, para Gisele, é mais que lazer: ato de resistência e empoderamento. “O medo existe, mas não pode ser maior do que a vontade de viver. Quando a gente viaja sozinha, descobre uma força que nem imaginava ter”, afirma.

Quebrando padrões sociais e inspirando amigas, familiares e colegas, Gisele defende que liberdade não é ausência de regras, mas a possibilidade de escolher como viver. E deixa um recado para quem sonha em seguir os passos. “Não espere pelo momento perfeito, nem por companhia. Se esse é o seu sonho, vá. A liberdade de estar no mundo por conta própria é uma das experiências mais transformadoras que uma mulher pode viver.”